Por que uma religião?

Augusto Comte no decorrer de sua carreira filosófica, entrou em contradição com as ideias teológicas. Galilei Galileu conseguiu provar que a terra não é o centro do universo. Era possível explicações sem induzir ao sobrenatural.
Se o positivismo deixa de lado o teológico, nega aspectos sobrenaturais, e tem culto centrado na Humanidade porque é necessário ser uma religião?

Vamos a etimologia da palavra..

A palavra " religião" vem do latim  Religare - ou seja, religar. Uma das ideias centrais do positivismo que Comte nos propôs pensar é a de que o homem não precisa se religar em algo divino para que seja feito o bem, não é necessário uma ordem de um ser superior para que isso ocorra. Não é necessário um mandamento para que haja respeito, amor, solidariedade, para que possamos ajudar aqueles que não tem teto, não tem comida.  O ser humano pode se religar a mãe que todos acolhe, a Humanidade, pensando no bem comum e desejando daqui um lugar que seja uma casa a todos, sem distinção de classes sociais, ideologias.

A Deusa Humanidade

O Positivismo presta culto a Humanidade. Tudo que permitiu que a elevação da Humanidade, possui respeito dentro da doutrina. Para simbolizar essa grande deusa, Comte escolheu para homenagear a pessoa que lhe permitiu conhecer um sentimento que rege todos os outros, o amor.

Augusto Comte conheceu o amor por Clotilde de Vaux( veremos detalhes dessa história em futuras publicações). Por mas que ele tinha desenvolvido sua carreira, ainda lhe faltava algo. Clotilde faleceu de tuberculose, ainda jovem em 1846. Mas como um bonito gesto, ele quis associar a figura dela com a Humanidade. Clotilde a personificou.

Uma homenagem da Igreja Positivista do Brasil no túmulo de Clotilde de Vaux

Comte manteve os parâmetros de outras religiões, e o positivismo seguiu com templos. Comte acreditava que era importante locais onde as pessoas pudessem se reunir. O positivismo foi uma desistência da Igreja Católica Romana, e manteve o sacerdócio, o culto, o dogma. O ser humano necessita de um acompanhamento, algo que em todos os momentos de sua vida pode lhe servir como base, Comte sabia disso.

Marechal Cândido Rondon, foi um grande brasileiro, e seguiu de coração os ideias positivistas. Temos associado com ele a imagem de um grande homem, forte, desbravador. Mas em sua vida, houve momentos de fraqueza, medos, preocupações. Era necessário uma palavra amiga, um norte. , Foi nesses momentos de sua vida, que o positivismo lhe serviu de base, sempre o impulsionando para frente.

Na cidade sagrada do positivismo ( chamada assim, porque foi onde Comte desenvolveu a doutrina e toda trama ocorreu) , na casa de Clotilde de Vaux, os positivistas brasileiros compraram e construíram uma capela da Humanidade.
No Brasil, possui 2 igrejas positivistas. Uma no Rio de Janeiro e outra em Porto Alegre. A do Rio foi interditada, por razões de má conservação do local. A de Porto Alegre segue ativa, e é o único templo positivista em atividade no mundo.

Templo Positivista em Porto Alegre

O Positivismo tem muito a oferecer a sociedade. O catecismo positivista ( a bíblia positivista) é ao meu ver uma preciosidade esquecida. O livro que relata o dialogo de um sacerdote e uma mulher. É um livro extremamente completo, ensina os passos de uma pessoa que almeja servir, conhecer e amar verdadeiramente a Humanidade. Sem dúvidas, é o meu livro de cabeceira.

O Positivismo é também chamado de Religião da Humanidade. Assim como católico, quer dizer universal, o Positivismo busca alcançar todas as pessoas, sem nenhuma forma de dividir, somente de uni-las e formar uma só.

A doutrina de Augusto Comte é um refugio nos tempos de hoje. Em meio a uma sociedade dividida, cansada o Positivismo apresenta uma ideia de que é possível desenvolvermos uma única direção, um caminho trilhado por um verdadeiro amor. A elevação da Humanidade, a paz espiritual é real. A quase 200 anos Comte segue nos dizendo.

" O positivista reza,sobretudo, para expandir seus melhores afetos" - Catecismo Positivista, página 105 - 3º conferência

Saúde e Fraternidade.
Luiz Gustavo Mota